Neste 2024, celebramos o Ano Centenário de E.P. Thompson ativando a leitura de
sua obra e compartilhando livros e leituras em comum. Somos
estudantes/professores/pesquisadores de Universidades Públicas, de Escolas
Públicas, amantes do livro e da leitura, trabalhadores, militantes do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Nos une, neste Centenário, o aprendizado e a
leitura da obra de Thompson, a partilha em comum de um feixe de suas palavras-
chave e de seu repertório de luta social, anti-fascista.
Durante este ano, desde abril temos realizado mostras de filmes e documentários,
debates e palestras, numa programação que agora se completa com a realização do
seminário internacional Leituras e Apropriações na América Latina, a ocorrer nos
dias 29 e 30 de outubro e 12, 13 e 14 de novembro de 2024, quando receberemos em
Fortaleza diversos convidados e convidadas para conosco proferirem palestras,
promover lançamentos de livros, conversar e confraternizar.
Edward Palmer Thompson nasceu em 03 de Fevereiro de 1924. Nacionalidade
britânica. Primeiras letras em escolas metodistas. Em Cambridge cursou o
Bacharelado em Letras e Artes. A partir de 1942, interrompeu seus estudos para
combater na 2ª Guerra Mundial. Nesse confronto perdeu seu irmão mais velho, Frank
(tido por muitos como figura genial), que em uma carta dissera-lhe que a “cultura era
apenas outro nome para experiência”. Após o conflito, engajou-se na construção da
ferrovia Samac-Sarajevo, na então Iugoslávia, quando firmou sua união com Dorothy
Towers. Foi quase o caçula do grupo de Historiadores do Partido Comunista Inglês,
coordenado pela brilhante Dona Torr. Em 1956 rompeu com as diretrizes stalinistas do
PC Britânico, ao qual se filiara com 18 anos, como parte da luta antifascista. Desligou-
se do partido, mas não renegou inspirações socialistas e humanistas, sendo um dos
articuladores da chamada Nova Esquerda. De 1948 a 1965 atuou como Tutor nos
Cursos Extramuros da Universidade de Leeds, na Educação de Adultos
Trabalhadores, em aulas de História e Literatura; das quais dimanaram obras como "A
Formação da Classe Operária Inglesa", "William Morris" e, coligidas posteriormente, as
lições de Os Românticos. Viajava mais de 50 quilômetros para encontrar seus
estudantes. Denunciou o ranço paternalista e os controles sociais da educação, bem
como as associações entre instrução, sucesso profissional e mérito humano: a ideia
de que é preciso estudar para ser alguém na vida encobria a condenação de que
analfabetos ou pouco letrados seriam ninguéns. Entre 1965 e 1970 coordenou o grupo
de pesquisas sobre Lei e Criminalidade na então recém-fundada Universidade de
Warwick. Daí resulta sua crítica aos mecanismos de monitoramento e controle da vida
acadêmica e o direcionamento da produção intelectual aos imperativos industriais,
tecnológicos e financeiros. Não ostentava títulos acadêmicos, mas legou obras
decisivas para a historiografia, como "Senhores & Caçadores", "Costumes em
Comum" e "A Miséria da Teoria", afora os trabalhos previamente citados. Parte
significativa de sua atuação nos anos 1980 concentrou-se nos movimentos pela Paz,
pelo desarmamento nuclear e em favor dos Direitos Humanos. A partir da admiração
por William Blake e Karl Marx, definiu-se certa vez como um “muggletoniano marxista”;
embora, confessasse não saber exatamente o que os termos queriam dizer juntos ou
isoladamente. Exerceu a crítica literária, escreveu poemas e romance no qual um
alienígena doidivanas quedava aterrado pelas belezas e perigos do planeta.
Romântico, revolucionário, militante, quixotesco, socialista humanista/humanista
socialista, historiador que viveu a História e que tentou influir positivamente em sua
construção. Faleceu em 28 de Agosto de 1993, aos 69 anos.
Fonte: Docente Tyrone Cândido
Maiores informações sobre o evento em Fortaleza: jernanif@hotmail.com, anameliademelo@gmail.com, tyronecandido@gmail.com